Irmão João Bretas, do Capítulo Obreiros do Século XXI, aborda sobre o tema: Prevenção

 

            De acordo com o dicionário, “prevenção” define-se como o conjunto de medidas ou preparação antecipada de algo que visa prevenir. Essas medidas são um diferencial em quase todas as espécies de animais. As vacas, por exemplo, costumam escolher pastar com a face voltada no mesmo sentido que o vento, para conseguir enxergar os predadores que poderiam persegui-las pelo cheiro. Perceba que muitas vacas nem ao menos precisam um dia ter tido contato com um predador para saber se prevenir de um. Porém o que tangeia o comportamento da vaca é puro instinto, e não conhecimento aplicado. É uma forma que a natureza encontrou de perpetuar a espécie “vaca” sem que ela tenha que ficar aprendendo a cada geração como comer da maneira mais segura possível.

            Qual o diferencial do ser humano no aspecto prevenção? Acredito que o principal fator que nos distingue de uma espécie qualquer, no que se trata a prevenção de risco, é a nossa capacidade de reconhecimento de padrões e de projeção a longo prazo. Essas ferramentas juntas nos permitem perceber riscos que seriam mais dificilmente observados por outros animais. São elas que nos fazem deduzir que se você está trabalhando em uma obra, seria bem prudente colocar um capacete para proteger a cabeça. Você não precisa ter visto um traumatismo craniano para saber o quão sério ele é, assim como não precisa ter visto um capacete salvando uma vida para saber que ele poderia salvar a sua.

            Em 2013 quase 42 mil pessoas morreram em decorrência de acidentes de trânsito¹. O que há de mais triste nisso é evidenciado quando você vasculha mais os dados nesse tipo de morte: Há muitos óbitos com ultrapassagem indevida, excesso de velocidade, falta do uso do cinto de segurança ou consumo de álcool envolvidos no processo. Todos fatores perfeitamente evitáveis. Todas falhas humanas. E para cada erro desses há uma desculpa: “Parecia que ia dar tempo”, “Eu sempre andei nessa velocidade e nunca havia acontecido nada”, “o cinto me incomoda”, “foram só duas cervejinhas”. Pois é, todas são desculpas frequentes, mas nenhuma delas é tão boa a ponto de valer uma vida.

            O cinto de segurança, em minha opinião, é uma forma de dizer “sei que incomoda, mas esse incômodo não vale mais que minha vida”. Por isso me preocupa tanto que eu veja alguém por quem eu tenho carinho preferir a abordagem “Isso me irrita tanto que prefiro morrer a passar por esse incômodo”. Se eu o alertar a respeito do cinto de segurança, é porque prezo por sua integridade física. É uma forma de demonstrar carinho e respeito por ela.

Dica importante: se você for alugar um serviço como uber ou táxi e no banco traseiro não tiver cinto de segurança à mostra, recuse o serviço, pois se trata de um profissional que se recusou a te fornecer as medidas mínimas de segurança.

            Se tratando de DSTs (Doenças sexualmente transmissíveis) ou gravidez indesejada, os métodos devem ser os melhores indicados dentro de alguns cenários. Há correntes religiosas que são contra o uso de preservativos, pílulas do dia seguinte ou até mesmo sexo antes do casamento (como é o caso de praticamente qualquer religião cristã no Brasil). Caso você não seja norteado rigidamente por essas doutrinas, é importante que adote no mínimo um método contraceptivo para a realização do ato sexual. Sim, essa fala é frequente, mas é sempre importante atestar a relevância desse tipo de prevenção. O preservativo é o método contraceptivo mais recomendado, por ser o menos invasivo de todos e prevenir DSTs. Deem prioridade para esse recurso como alternativa contraceptiva, caso o ato seja eminente².

            Outro método preventivo que é de extrema importância comentar é a vacina. Começarei informando que não há absolutamente nenhum dado estatístico bem embasado que demonstre que a vacina causa autismo. Embora as causas do autismo sejam ainda nebulosas, as evidências não apontam uma relação clara entre vacina e autismo³. A vacina é um dos mais importantes métodos preventivos se tratando de saúde do corpo. Ela é uma forma de induzir o organismo a adquirir imunidade contra uma determinada doença. As contraindicações para se submeter a uma vacina devem ser respeitadas, mas quando se atende aos requisitos necessários, raramente há risco para a saúde do indivíduo.

            Além da saúde física, é importante também falar sobre os métodos de prevenção da saúde mental e da integridade moral. Ambientes podem ser tão patológicos para a sua mente como um vírus é perigoso para o seu corpo. Ambientes familiares desestruturados, relacionamentos abusivos, relações autoritárias, são maneiras de adoecer a mente e o espírito de qualquer um. É sempre importante mudar o que der para mudar antes que algo mais grave ocorra. Amizades por interesse ou com pessoas de pouca ou nenhuma moral, podem te desviar do rumo correto. Claro que se o seu objetivo for reabilitar um amigo perdido, isso é um ato nobre, mas em outros casos, o afastamento pode ser um método preventivo bastante recomendável.

            Qual a conclusão disso? Pois bem, a OMS define saúde como um pleno estado de integridade física, psicológica e social ⁴. A alteração negativa em qualquer um desses fatores caracteriza-se como um risco à saúde. A prevenção é a nossa estratégia para reduzir o risco de dano ao nosso corpo, mente ou mesmo em nossas interações sociais. Portanto, é importante que mantenhamos um lema para nortear todas as nossas decisões: é sempre melhor prevenir que remediar.

Texto: Irmão João Pedro Bretas – estudante no curso de Psicologia na Universidade Federal Fluminense (UFF) e Segundo Conselheiro do Capítulo Obreiros do Século XXI nº 057, de Teresópolis/RJ.

Imagem: Internet

Fontes:

 

¹ Sistema de Informações sobre mortalidade (SIM)- Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=060701

² http://www.brasil.gov.br/saude/2011/09/inform-se-sobre-como-funcionam-oito-metodos-anticoncepcionais

³  http://portalarquivos.saude.gov.br/campanhas/vivamaissus/vacinacao_interna.html

http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/OMS-Organiza%C3%A7%C3%A3o-Mundial-da-Sa%C3%BAde/constituicao-da-organizacao-mundial-da-saude-omswho.html

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