Artigo 4: História dos Cavaleiros Templários – Os Templários e as Cruzadas – Parte 1 – Tio Augusto Leandro Rocha da Silveira

Sabemos que a história dos Cavaleiros Templários está estreitamente ligada com a ideia de cruzada. Isto porque, com a Reconquista de Jerusalém em 15 de julho de 1099 d.C., após a primeira cruzada, os barões reuniram-se para escolher um líder que governasse as terras recem conquistadas. Assim, em 22 de julho do mesmo ano, Godofredo de Bulhões declinou a coroa, sob o fundamento de que não a usaria no local onde Jesus colocou utilizara uma coroa de espinhos e nem faria as vezes de rei na cidade sagrada de Cristo; limitando-se a assumir os poderes reais sob o título de Advocatus Sancti Spulchri, ou seja, o Defensor do Santo Sepulcro.

Lamentavelmente, Godofredo veio a falecer cerca de um ano após sua assunção, legando a “coroa” para seu irmão Balduíno I, que passou a residir na mesquita Al-Aqsa, que supostamente estaria no mesmo local onde outrora situava-se o Templo de Salomão.

Conforme artigo anterior, já publicado aqui no site Paramaçonaria, sabemos que a Ordem dos Templários, criada em 1118, contando inicialmente com nove membros, obteve permissão para instalar sua sede na mesma mesquita, permissão esta concedida por Balduíno II, que sucedera seu primo no mesmo ano de criação da Ordem.

Acreditava-se que a mesquita Al-Aqsa por ser chamada de Templo Salomonis, havia sido construída por cima do bíblico Templo de Salomão, e por consequencia originando a designação dos Cavaleiros Templários de Paupers Commilitones Christi Templique Solomonici, ou Pobres Soldados de Cristo e do Templo de Salomão.

Sabe-se que em 1127, Balduíno II, enviou comitiva ao Ocidente para buscar uma solução para o Reino de Jerusalém, já que havia uma grande debilidade militar naquelas terras, e ainda, não havia sucessores ao trono, já que Balduíno II, não possuía herdeiros, apenas quatro mulheres.

Em relação à segunda questão, Balduíno II e seus barões decidiu casar sua filha mais velha, chamada Melisende com Fulk V, Conde de Anjou, resolvendo a questão da sucessão, além de estreitar os laços do reino de Jerusalém com o Ocidente.

Já a questão militar ficou a cargo do Grão Mestre dos Templários, Hugo de Payns, que através da intercessão de Balduíno II, com São Bernardo de Claraval, obteve benefícios ímpares junto ao Papado de Honório II, eleito em 1124.

Além da Regra do Templo aprimorada por São Bernardo de Claraval, o Grão Mestre do Templo obteve doações de terras, prata, cavalos e armaduras, quando desembarcou na França no outono de 1127; no verão seguinte, já na Inglaterra, obteve de Henrique I, prata e ouro para Ordem; nessa ocasião, Hugo de Payns fundou a primeira residência dos Templários em Londres; além de outras doações na Escócia; porém, o ápice da viagem se deu em janeiro de 1129 em Troyes (Champagne), onde Teobaldo, sediou uma assembleia de líderes da Igreja naquele tempo, contando com a presença de São Bernardo, sendo apresentada a Regra Latina de autoria deste, contando com 72 cláusulas, assunto este já tratado por nós em artigo anterior.

Portanto, o Concílio de Troyes endossou a Ordem do Templo, sendo, após confirmada pelo Papa Honório II, após a brilhante defesa e elogio feitos por São Bernardo, intitulado De Laude Novae Militae, ou elogio à nova milícia, obra esta que conseguimos facilmente acessar na íntegra através dos sítios de buscas da internet.

Nesta obra, São Bernardo defendia que a Terra Santa, era a herança viva da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, devendo, ser protegida com empenho máximo dos Templários, já que Belém, Nazaré, o Rio Jordão, o Monte do Templo e a Igreja do Santo Sepulcro reverberavam a sua crucificação, sepultamento e ressurreição.

Conforme podemos observar, a finalidade da Ordem extrapola a simples defesa dos peregrinos à Terra Santa, representando a defesa da memória do Cristianismo.

Na próxima semana, continuaremos com a relação entre os Templários e as Cruzadas. Até lá!

Como mencionamos acima, a recomendação fica a cargo do Elogio à Nova Milícia de São Bernardo de Claraval, por trazer muito elementos concretos acerca desta relação entre a Ordem e as Cruzadas.

Foto : Internet

ADVOGADO ESPECIALISTA EM RESPONSABILIDADE CIVIL MÉDICA 
LICENCIADO EM FILOSOFIA 
MEMBRO DO INSTITUTO BRASILEIRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIA RAIMUNDO LÚLIO “RAMON LLULL” – IBFCRL
MEMBRO DA SOCIÉTÉ INTERNATIONALE POUR L´ÉTUDE DE LA PHILOSOPHIE MÉDIÉVALE – SIEPM
MIEMBRO DE LA SOCIEDAD DE FILOSOFÍA MEDIEVAL – SOFIME ESPAÑA
MEMBRO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESTUDOS CLÁSSICOS – SBEC
MEMBRO DA SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA FILOSOFIA MEDIEVAL – SBEFM

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